sábado, 9 de março de 2013

A Mulher e o Tempo...



Tudo bem que todos os dias deveriam ser considerados especiais para nós, mas entro no bloco e aceito todas as homenagens recebidas, sem deixar de parabenizar as mulheres que fazem parte da minha história. O dia já está acabando, quase não consegui tempo para sentar em frente à tela e escrever para nós Mulheres. Tempo?! Lembro da música "és um senhor tão bonito...tempo, tempo, tempo, vou te fazer um pedido"...esse Senhor que comanda nossas vidas, como um domínio do gênero masculino que já começa a incomodar. Penso que hoje alcançamos muitas conquistas contabilizadas como lucros e que às vezes se revertem em perdas para nós mesmas, a dupla jornada é um exemplo disso. Discutimos durante anos a evolução social e política das mulheres, a questão dos papéis, a violência doméstica, a desigualdade, com um trabalho na mídia, na escola e na sociedade em geral. Porém, ainda precisamos repensar muitas questões femininas promovendo uma desconstrução e um empoderamento de mulheres reféns da sua própria vida. Ele chega e incomoda novamente, o "tempo" de fechar meu texto. Lembro-me das mamadas de três em três horas, nós mães olhando para o relógio com a angústia de terminar as compras do mercado, antes do horário da próxima mamada. A hora do banho e do almoço para chegar com o filho na escola, não dá pra ter nem uma dor de barriga fora de hora, atrasa tudo. Filhos crescem, olhamos para o relógio durante a madrugada à espera do abrir porta, finalmente ele ou ela chega da balada. Mas não é só no papel materno que esse relógio cisma em andar independente do que eu tenho para fazer. Já marcou manicure na hora do almoço do trabalho? A profissional tem de ser boa para dar tempo. Horário da faculdade, entrar atrasada na sala é horrível, a gente se perde toda. Encontrar com namorado, marido, namorido, não importa quem, importante é chegar na hora e ter tempo disponível para estar com ele, senão a relação começa a balançar. Vivemos em constante cobrança a nós mesmas. Acabamos forçando a ação de uma Mulher Maravilha que na verdade não possui nenhum poder extra. Então se machuca tentando se desdobrar em mil, se quebra, se rompe e corrompe nos seus ideais. Abandona sonhos, lutas, desejos, abre mão porque acredita que seu tempo não é seu, é do outro. Quando de repente, temos a chance de pegar um livro e na nossa varanda, a qualquer hora da noite, ler sob os cuidados das estrelas, nos assustamos, temos esse direito? Posso realmente usufruir desse tempo só para mim, ele é meu? Claro que podemos, mais que isso, devemos! Somos seres cheias de liberdade, do livre arbítrio para fazer aquilo que nos faz bem. Tenho direito de decidir como usar o meu tempo e se ele vai ser direcionado para minhas necessidades de qualidade de vida. Compromissos, agendas, sempre irão existir, mas não podem comandar a nossa vida, só devem organiza-la. Nós, mulheres, geralmente estamos a serviço. Precisamos romper com isso, sem culpa, sem cobranças. A nossa consciência estará sempre tranquila, se a qualidade do nosso tempo estiver atendendo às nossas necessidades humanas, com certeza todos que estão à nossa volta também se sentirão melhor, o reflexo é imediato e o ciclo se fecha, tudo no seu tempo...

 

2 comentários:

  1. Adorei. Maravilhoooso! Parabéns a todas as mulheres e, principalmente, aquelas que tem e/ou tiveram o prilégio de conviver com você. Bjs.

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  2. Belo texto Mariza! Não sou mulher, mas vive cercado delas e acho que o que você escreveu retrata bem a força da mulherada! Mães, amigas, irmãs, avós, filhas, esposas, namoradas, primas, companheiras, tias, vizihas, patroas, humanas, profissionais... Todas merecem nosso reconhecimento e, algumas, nossa saudade todos os dias... Bjão! ;D

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