Nos momentos de aflição geralmente, em nossas orações, usamos uma palavra que traz tantos sentidos e ao mesmo tempo amorna o frio que sentimos do medo que se instala e nos faz tremer. Palavra dita no desespero que expressa a necessidade do atendimento imediato, como se ao pronunciar a mesma, uma porta se abrisse apontando um novo caminho, um novo trilhar, uma possibilidade de seguir. Misericórdia é a palavra! Misericórdia... esta palavra que se transforma na chave da esperança. Pedimos e ponto final. Aguardamos os acontecimentos certos que a força da expressão será a realização do pronto restabelecimento do que se faz tempestade no nosso viver. A compaixão do coração, principalmente quando é o Divino Coração, é a maior prova de Fé que podemos experimentar. Nesses momentos de angústia, do não saber o que esperar, da improvável solução de uma situação, do escuro instalado como se uma venda fosse colocada em nossos olhos, uma luz se aproxima apresentando os caminhos a serem seguidos, desatando os nós dos emaranhados da vida, como uma escova a desbravar cabelos desalinhados e entrelaçados pelo vento que insiste em soprar. Experimentar a espera do tempo de calmaria é um exercício de tolerância e renovação. Isso porque existe um tempo a ser vivido entre a "tragédia" instalada e a misericórdia alcançada. Um tempo de reflexão, certezas, dúvidas, reconstrução daquilo que se desmoronou. De certa forma precisamos tomar cuidado para que, ao final da trajetória, não sejam esquecidos os sentimentos que geraram o apelo. As dores adormecidas podem ser convocadas a qualquer momento, reforçando a importância do milagre atendido. A vida é um milagre, constatação pública que se torna particular por vias tão intensas de dor, às vezes desnecessárias de serem transitadas, porém importantes para se traçar novos caminhos. Estar vivo é um milagre, cada qual com o seu tempo e a sua expectativa, até se descobrir que de um segundo para o outro tudo pode se tornar obsoleto, ineficaz, desnecessário. Então, estar vivo passa a ser o verdadeiro milagre! Exigência de novos pensamentos, cobrança de novas atitudes, chance de recomeçar, remediar e cortar males. Aprender através da misericórdia recebida a distribuir o que há de melhor no coração, não mais miséria mas, a riqueza de sentimentos que podem fazer a diferença e permitir que outros possam sentir a importância do viver e de transformar essa vida em algo melhor para os seus e, principalmente para si mesma. Aproveitar o tempo estendido, a prorrogação. Enxergar mais as alegrias, ouvir mais as declarações de amor e distribuir tudo isso com muito carinho, retribuindo o presente Divino. Agradecendo a oportunidade de através das circunstâncias ter conhecido um pouco mais de si, um pouco mais dos que lhe estenderam a mão, das pessoas que de uma forma ou de outra partilharam o seu milagre, seguraram e fortaleceram a sua Fé no ser humano. Agradecer aos anjos que se aproximaram e mostraram suas faces humanas, amigas, comprovando e reconhecendo a sua Fé na existência divina. Obrigada Meu Deus por sua Misericórdia!!!
domingo, 3 de novembro de 2013
domingo, 25 de agosto de 2013
Nascemos nus?
As crianças quando nascem recebem imediatamente um choque de ordem, sua nudez é banhada e adornada com as roupinhas escolhidas para serem as primeiras a transformar o pequeno ser, em alguém "apresentável" à vida. No fim da estrada não deixamos esse mundo da mesma forma, a preocupação com o adorno continua, o corpo que já não grita, nem chora com o desconforto do asseio é preparado.para uma entrega apresentável à morte. Princípio e fim se confundem nas ações e nos sentimentos.
Revivendo essa fase de recém nascidas à minha volta, com as netas que chegaram num grande pacotão de Deus, começo a pensar: nascemos nus???
Os sentimentos negativos de um bebê, que acaba de chegar ao mundo, geralmente se apresentam em forma de choro e estão ligados à sensação de fome, ao incomodo da fralda suja ou à grande dor da cólica que maltrata e desgasta os filhos e os pais. A cólica parece ser a primeira prova incontestável da nossa incompetência em poder fazer tudo para não deixar nossos pequenos sofrerem, engano nosso, mesmo com medicação, colo e alimentação adequada, a destruidora de noites de sono ainda pode vencer e acabar com nosso poderio paterno.
Tais sentimentos negativos alimentam nosso dia a dia aos poucos e chegam com a convivência na vida aqui, fora do ventre.
Entretanto algumas atitudes chamam atenção, pode ser o sorriso que surge de forma natural quando a criança olha para alguém e sente que está recebendo um olhar de amor. Ou mesmo, o sorriso que pode ser expresso quando adormece e nos deixa atordoados imaginando o sonho que possa estar motivando essa alegria. As deliciosas gargalhadas que são espontâneas acompanhadas pelo brilho nos olhos que insistem em dizer - me faz rir de novo, é bom, é gostoso. Além daquele jeito charmoso de chamar a atenção para si, acariciando nosso rosto com pequenas mãos, ainda sem direção pela ausência da coordenação. Tudo novo mas, impulsionado por um sentimento positivo, bom e leve, desprovido de censuras e disponível para todos que estão à sua volta. Basta sentir no outro a mesma energia. Penso que isso se chama AMOR. Nascemos encharcados de amor, tal qual uma esponja imersa numa bacia de água, chegamos com um estoque abundante daquilo que deveria girar a grande roda da vida.
No entanto, vamos aprendendo, principalmente com nossos pais, que o lado mal também existe e que precisamos saber nos defender. Volto a pensar e trocar ideias com pessoas que me alimentam de novos olhares, uma delas lembrou bem (grande amiga Edna) - os animais nascem e imediatamente vão ganhando independência e destreza para lidar com a vida e nós, pobres seres humanos, "nos achamos" mas começamos e muitas vezes terminamos nossas histórias na dependência total do outro. Nessa hora tenho a certeza: o que vai garantir que essa troca de energia aconteça é aquilo de que fomos providos ao nascer, aquela mola propulsora de nosso viver - amor. Posso estar sendo chata por fazer rodeios com as palavras mas, acho que me fiz entender (ou não).
Não nascemos nus! Nascemos prontos para seguir nossa caminhada recebendo e ofertando aquilo que temos de melhor, a escolha das ofertas é nossa, o alimento de nossas ofertas é do outro. Uma troca que começa no primeiro banho, uma troca que termina quando somos arrumados para nossa despedida. Não nascemos nus! Podemos passar por essa vida nos vestindo a cada dia de cores com energias iluminadas e revigorantes ou usar a mesma roupa surrada e desbotada com tons escuros, sem cor.
Ainda bem que temos sempre a chance de repensar nosso armário. Repensar nosso fazer, nosso agir, nosso caminhar, para que possamos sempre sorrir ou mesmo gargalhar com as alegrias da nossa vida. Acariciar faces que nos fazem ser feliz, mesmo com palavras. Temos a chance e precisamos enxergá-la, sentir o momento e a oportunidade, sem desperdiçar o que nos é oferecido. Vestindo e colorindo nossa alma, iluminando não só a nossa mas também as outras vidas.
domingo, 18 de agosto de 2013
Alice no mundo das maravilhas....
Estou atrasada, na verdade foram mais de 30 dias de observação para poder chegar aqui com mais segurança. Alice, minha quarta neta chegou! Apesar do vasto currículo de avó , a emoção da sua chegada foi indescritível. Olhei para aquele rostinho minúsculo, corpo franzino dentro dos seus dois quilos e trezentas gramas e.chorei. Agradeci a Deus por mais essa vitória na vida. Ter a oportunidade de viver o nascimento saudável de minha garotinha, ela venceu a batalha da instabilidade intrauterina. Gritou, berrou, tentou agarrar no braço da enfermeira que insistia em dar-lhe o primeiro banho. Ali ela já se apresentou à vida, uma guerreira, lutando por seu conforto e bem estar. Seu primeiro mês foi uma escola viva de maternidade e paternidade. Aos poucos seus pais vão descobrindo quais são suas necessidades e amenizando a angústia da fome, do frio, do sono. Fica fácil para Alice que mais parece o coelhinho do lindo conto de fadas ....no pais das maravilhas, o personagem que tinha hora, vivia com pressa. Assim é ela, não gosta de esperar, quer ser atendida imediatamente nas suas necessidades. Está certa, precisa ter todas as atenções voltadas para si. Durante seu sono, suas feições apresentam um desenho perfeito. A recém nascida parece uma boneca, tipo aqueles bonecos de bebês que nos deixam na dúvida, de tão perfeitos que são.
Tem a necessidade de se sentir acompanhada, por isso não se deixa ser abandonada no berço com facilidade, seu olhar é profundo, um olhar que intimida, que cobra. Como era de se esperar, já está uma "bolinha", deixando para trás a imagem da fragilidade mas sem perder o ar de menininha. Tenho muita sorte de poder viver minha voternidade com tantas nuances e diferenças. Alice vem fortalecer nossa família, é a prima que faltava para que junto com as outras meninas possam transformar a casa da vovó no país das maravilhas. Lugar onde rainhas e coelhos vão abrir para ela as possibilidades de crescer entendendo que sua existência fortalece o peso do valor de família. Sei que vai estar a frente do seu tempo, marcando seu espaço e alimentando a vida dos seus pais com amor. Além de apresentar para eles uma nova visão de mundo que pode até não ser das maravilhas com noites mal dormidas e novos parâmetros de como viver com um novo olhar sobre o que é prioridade - ela. Contudo, gera uma nova verdade e direção para suas vidas, para nossas vidas. Alice está crescendo, aprendendo a lidar com esse mundo aqui,. fora do ventre que a protegeu durante tantos meses, está crescendo ensinando a todos nós a valorizar o que realmente precisa ser - a importância da compreensão, da tolerância, da dedicação de amor à uma criança. Tomando seu espaço e lugar nos nossos corações. Seja bem vinda minha pequena Alice, que você possa contribuir para transformar nosso mundo, num mundo das maravilhas.
sábado, 9 de março de 2013
A Mulher e o Tempo...
Tudo bem que todos
os dias deveriam ser considerados especiais para nós, mas entro no bloco e
aceito todas as homenagens recebidas, sem deixar de parabenizar as mulheres que
fazem parte da minha história. O dia já está acabando, quase não consegui tempo
para sentar em frente à tela e escrever para nós Mulheres. Tempo?! Lembro da
música "és um senhor tão bonito...tempo, tempo, tempo, vou te fazer um
pedido"...esse Senhor que comanda nossas vidas, como um domínio do gênero
masculino que já começa a incomodar. Penso que hoje alcançamos muitas
conquistas contabilizadas como lucros e que às vezes se revertem em perdas para
nós mesmas, a dupla jornada é um exemplo disso. Discutimos durante anos a
evolução social e política das mulheres, a questão dos papéis, a violência
doméstica, a desigualdade, com um trabalho na mídia, na escola e na sociedade
em geral. Porém, ainda precisamos repensar muitas questões femininas promovendo
uma desconstrução e um empoderamento de mulheres reféns da sua própria vida.
Ele chega e incomoda novamente, o "tempo" de fechar meu texto. Lembro-me
das mamadas de três em três horas, nós mães olhando para o relógio com a
angústia de terminar as compras do mercado, antes do horário da próxima mamada.
A hora do banho e do almoço para chegar com o filho na escola, não dá pra ter
nem uma dor de barriga fora de hora, atrasa tudo. Filhos crescem, olhamos para
o relógio durante a madrugada à espera do abrir porta, finalmente ele ou ela
chega da balada. Mas não é só no papel materno que esse relógio cisma em andar
independente do que eu tenho para fazer. Já marcou manicure na hora do almoço
do trabalho? A profissional tem de ser boa para dar tempo. Horário da
faculdade, entrar atrasada na sala é horrível, a gente se perde toda. Encontrar
com namorado, marido, namorido, não importa quem, importante é chegar na hora e
ter tempo disponível para estar com ele, senão a relação começa a balançar.
Vivemos em constante cobrança a nós mesmas. Acabamos forçando a ação de uma
Mulher Maravilha que na verdade não possui nenhum poder extra. Então se machuca
tentando se desdobrar em mil, se quebra, se rompe e corrompe nos seus ideais.
Abandona sonhos, lutas, desejos, abre mão porque acredita que seu tempo não é
seu, é do outro. Quando de repente, temos a chance de pegar um livro e na nossa
varanda, a qualquer hora da noite, ler sob os cuidados das estrelas, nos
assustamos, temos esse direito? Posso realmente usufruir desse tempo só para
mim, ele é meu? Claro que podemos, mais que isso, devemos! Somos seres cheias
de liberdade, do livre arbítrio para fazer aquilo que nos faz bem. Tenho
direito de decidir como usar o meu tempo e se ele vai ser direcionado para
minhas necessidades de qualidade de vida. Compromissos, agendas, sempre irão
existir, mas não podem comandar a nossa vida, só devem organiza-la. Nós,
mulheres, geralmente estamos a serviço. Precisamos romper com isso, sem culpa,
sem cobranças. A nossa consciência estará sempre tranquila, se a qualidade do
nosso tempo estiver atendendo às nossas necessidades humanas, com certeza todos
que estão à nossa volta também se sentirão melhor, o reflexo é imediato e o
ciclo se fecha, tudo no seu tempo...
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
Muito prazer...Sophia
Levei algum tempo para estar aqui, na verdade quase um mês. Poderia dizer que foi o corre corre dos últimos dias mas, não vou inventar desculpas. Já escrevi para minhas netas e, de certa forma as palavras chegavam e formavam exatamente na mensagem o que eu sentia e queria passar para as pessoas. Dessa vez foi diferente. Na saída da sala de parto o pediatra gritou: avisa à avó que a cópia da Ágatha nasceu! Olhei para aquela menina e induzida pela fala tentei identificar as caracteristicas que iriam facilitar o aprendizado de lidar com ela. Ficamos no quarto, a noite foi longa - ela marcou sua chegada! Confiei no meu currículo de avó e achei que já sabia tudo. Não, me enganei...ela não é cópia, é original. Original e única com a sua pele rosada e seus cabelos castanhos, uma boca desenhada pelos anjos. Apesar do tamanho e peso tem dedos longos contradizendo a impressão de fragilidade. Uma menina que saiu em poucos dias da sua condição de recém nascida e já apresenta-se como um bebê robusto e cheio de vida, revelando sua força. Olhar desconfiado, olha de lado, como se quisesse dizer - estou só te observando, descobrindo quem você é...descobrindo o que você tem de bom para me oferecer, o que você pode me ensinar sobre esse mundo que é tão grande.
Sabe exigir o que quer - fome, desconforto, dor - ela não permite que façam parte da sua adaptação ao mundo. Tem força, se estica e abre os braços como quem vai dar um grande abraço na vida que se inicia. Meu amor de "vó" vai sendo alimentado a cada banho. Ela sabe aproveitar o momento de conforto e prazer, a água batendo e refrescando a nossa conversa. Um gemido aqui, uma canção ali, uma batida com a perna que agora já não me dá medo segurar. Gosto de observar o seu sono, sorri muito, fico imaginando o que está sonhando, como esse pensamento está se formando na sua mente. É um sorriso solto, gostoso, leve e verdadeiro. Linda, linda, linda...mesmo quando tenta caber nas roupas que deveriam enfeitar, mas sobra espaço. Uma menina que chegou para marcar com a sua presença a vida de todos nós, trazendo o aprendizado da partilha e provando o quanto podemos multiplicar nosso amor. Marcando seu espaço e seu lugar na sua família, completando a história das pessoas como num jogo de quebra cabeças. Era a peça que faltava para completar o tabuleiro. Não dá mais para imaginar aquela casa sem a sua presença. Ela veio no momento certo, na hora devida para dizer a todos que a vida é isso - uma renovação surpreendente. Agradeço a Deus pela oportunidade de estar vendo meus frutos, os verdadeiros frutos. E ela poderosa e altiva, com sua sabedoria e sensibilidade já se apresenta, já faz presença - Sophia, muito prazer em recebê-la em nossas vidas, muito prazer em ser parte da sua vida.
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