Estamos quase prontos para a
Festa! Os últimos ajustes já estão sendo dados, detalhes na decoração da mesa,
roupas brancas sendo passadas tentando tirar todas as rugas que insistem em
fazer parte do modelo escolhido para a noite. Bebidas na geladeira, o calor exige
um cuidado especial na temperatura dos “bebes”, já os “comes” precisam ser
leves e saborosos com gostinho especial de tempo. A Grande Festa está chegando
criando uma expectativa de que algo muito maior vai acontecer ao tocar das doze
badaladas. Como Cinderelas que esquecem seus sapatinhos corremos para o futuro
pensando que o presente já virou passado. Nosso príncipe pode ser qualquer
coisa, mas tem de surgir no brilho dos fogos de artifício que iluminam o céu,
iluminam nossas almas. Um príncipe chamado esperança, só isso ou... tudo isso.
Vivemos cada momento da nossa vida impulsionados por ela – a tal da esperança.
Acordamos acreditando que nosso dia vai ser maravilhoso e, ele assim se torna,
mesmo com os atropelos que interrompem nossas alegrias. Algumas pessoas
enxergam somente o acidente, o pesado, o sujo, essas com certeza não conseguem
um bom saldo ao entardecer, descobrem que anoiteceu porque olham para o lado de
fora da janela e vislumbram a lua instalada em seu posto, apesar do parceiro
sol ainda estar lá, caminhando para a sua jornada do outro lado do mundo. São
escolhas que fazemos - agradecer e
confiar que tudo vai ser melhor, nessa opção o que muda é a ação. Agimos para
que nossa crença se concretize, fazemos o melhor e, mesmo quando a realidade
não contempla por inteiro os nossos sonhos, olhamos para os saldos e as novas
possibilidades. Isso pode até ser uma forma de caminhar para o futuro vivendo o
presente e aproveitando o que foi de melhor no passado. Exercício que se
instala no nosso dia a dia de forma natural quando acreditamos na Festa
interior. O show da virada acontece no palco do coração, comandamos nossos
acordes de acordo com a melodia que desejamos que seja a nossa trilha musical.
Depois de preparados para nós mesmos, estaremos preparados para as pessoas,
para os abraços, para os desejos que serão energizados com positividade,
criando uma força que nos permite dizer – o mundo está conspirando a favor do
próprio mundo. Independente dos desejos, dos “quereres”, dos poderes. Estaremos
aproveitando a Grande Festa irradiando um momento único onde todos à meia noite
se concentram na esperança. Nesse minuto de troca de tempo, tornando o presente
em passado e o futuro em presente, o filtro de minha alma só segura as mágoas
para depois descartá-las, mas deixa passar as alegrias para ficar saboreando
uma a uma bem devagarinho a cada segundo de felicidade. Ao final da festa cada um vai decidir o que
fazer com seus caminhos e expectativas que foram geradas pelo espírito de
alegria. Aproveitando as mudanças, lembranças, andanças, esperanças. Afinal, tudo
rima com vida, pelo menos com a minha que será rodeada de crianças. Símbolo
maior de renovação e desejo de preparo da próxima Festa. Um Feliz Ano Novo a todos para
que o Novo Ano seja Feliz!!!
sábado, 29 de dezembro de 2012
domingo, 23 de setembro de 2012
Ser pedra ou ser vidraça
Meu espelho do banheiro quebrou, tenho que providenciar a troca mas acabo adiando, vou invadindo outros espaços na minha casa e utilizando os espelhos que encontro. Faço isso de forma mais rápida do que a habitual, tento não atrapalhar a rotina de ninguém. Acho que é uma boa desculpa para não me fixar nas marcas que estão sobressaltando no meu rosto. O tempo está passando e elas lá, gritando que não adianta ter cabeça de 30 porque a "carinha" não mente. Não me preocupo tanto assim com essas coisas de idade, nem sei porque inicio esse texto com essa referência. Entretanto, quando paro para pensar no tempo que já utilizei da minha história, que eu nem sei o tempo que terá, fico imaginando o quanto ainda quero realizar. Filhos e netas trazem novos olhares para nossa vida, perpetuam nossa história e nos dão gostinho de quero mais. Quero mais tempo para realizar as coisas que estão por vir. Quero mais tempo para olhar o rostinho da minha garotinha que está se formando no ventre de minha filha e de outros que, com certeza, também chegarão através dos outros filhos. Tempo que não é decidido por nós mas, podemos contribuir para esticar nossa estadia. Menos estresse, aborrecimentos, pedras. Isso mesmo, as pedras que interferem no nosso caminhar. Machucam e ferem nosso coração. Outro dia ouvi a expressão: "podemos ser vidraça ou pedra" - depende da situação. Muito boa a comparação! Fiquei fazendo uma avaliação das vezes que fui pedra e do quanto feri pessoas, quebrei suas vidraças e as deixei-as vulneráveis à chuva e ao vento, ou mesmo ao sol forte. Ser pedra é ser causador de danos, quebrando as vidraças expomos as pessoas e às fragilizamos, de forma covarde, agressiva e desumana. Quando quebramos vidraças não só atingimos nosso alvo como as pessoas que estão à sua volta. Todos sofrem as consequências dos cacos estilhaçados pelo chão, correm o risco de cortar os pés tentando limpar os estragos. Recolocar os vidros demanda tempo e trabalho, orçamentos e disponibilidade para fazer o concerto. Tacar pedra é fácil, rápido e muitas vezes não temos nem a noção do tanto que impomos na força do braça arremessador. O ato é instintivo, pode até ser impensado e digno de arrependimentos futuros. Irreversível! a vidraça já está estilhaçada e mesmo depois de recomposta, a nitidez da janela pode não ser a mesma, fica a insegurança, o medo de uma nova pedrada. Por tudo isso, posso dizer que as marcas no rosto, tem me ajudado a evitar ser pedra. São muitos os prejuízos consequentes desse ato insano. O tempo não é cruel como muitos dizem e querem nos fazer crer, o tempo é o promotor de sabedoria, quando olhamos e refletimos nas lições que ele nos apresenta. Precisamos saborear e internalizar cada uma delas. Quero ser vidraça, mesmo correndo todos os riscos das pedradas. Não quero ser detentora do julgamento do certo e do errado, quero viver o que acho certo e não dar pedradas naqueles que não concordam comigo. Quero ser vidraça e receber o sol, a chuva, o vento de forma a proteger os que amo e me fazem sentir a mulher mais feliz do mundo. Quero ser vidraça limpa e transparente, mesmo que as pessoas me vejam embaçada. Pode ser que com um paninho e um pouco de boa vontade elas possam enxergar melhor as minhas idéias. Tenho que aceitar que o olhar sempre será do outro, diferente do espelho do meu banheiro onde o olhar é só meu. Eu comigo mesma, eu com minhas marcas, eu com minha história, eu com meus ideais. Eu com minhas janelas, eu com minhas vidraças. Eu com meu espelho, que preciso comprar para o meu banheiro.
domingo, 19 de agosto de 2012
A quem interessar possa...
Temos vivido tempos de conflitos ideológicos. É o período de eleições quando as pessoas se manifestam ou não sobre seus candidatos, acreditando estar no exercício da democracia. Entretanto, hoje apresentamos um perfil diferente de outras eleições, a explosão do uso das redes sociais, que bombardeiam notícias de todos os lados. Seria muito bom se a tão desejada democracia estivesse fundamentando a divulgação dessas notícias. Infelizmente não é isso que temos visto pois, as pessoas tem aproveitado para trocar farpas e agredir uns aos outros, revelando através de suas palavras digitadas num teclado solitário, um perfil antes desconhecido. Me assusto com determinadas pessoas que usam de sarcasmo, deboche e ironia para manifestar o seu querer, a sua ideologia política. Em algumas situações parece que tentam enfiar pela "goela abaixo" a sua verdade, como única e aceitável. Tenho medo de, sem perceber, acabar seguindo pelo mesmo caminho. Por isso tento me cuidar, mesmo acreditando na minha opção partidária. Até porque, o convencimento daquilo que se acredita não vem só nesse momento, mas durante toda uma trajetória de trabalho e ação política - minha opção já foi feita. Acredito em propostas que contemplem e completem meus ideais. Essa escolha não está vinculada a comandos ou desmandos, simplesmente por ter a consciência de que meu voto precisa ser um dispositivo gerador de benefícios públicos. Podem até dizer que estou usando de demagogia, não ligo, sei muito bem o que podemos fazer e transformar através de um trabalho coletivo e comprometido. Sei muito bem o que quero e pelo que luto. As pessoas que me conhecem também, se alguém duvida é porque não me conhece, não faz parte da minha história. Uma história que conta e contou com muitos amigos que profissionalmente se envolveram e abriram muitas possibilidades de transformação nas histórias das pessoas que atendiam. Outro dia, uma pessoa me disse de forma agressiva que minha opção política servia para atender meus interesses particulares. Engoli uma meia dúzia de palavras que poderiam transformar aquela conversa em algo não muito agradável mas, fiquei pensando naquela situação não como uma constatação negativa. Pensei nos meus "interesses", lembrando do seu significado em Latim - “ser de importância, fazer diferença”, literalmente “estar entre”, de INTER, “entre”, mais ESSE, “ser, estar”. Não posso me chatear com a suposta acusação porque essa é minha proposta de vida - fazer a diferença para aqueles que precisam, estar entre essas pessoas que necessitam de um trabalho sério e comprometido. O mesmo "amigo" poderia dizer agora, "ah.. eu disse que era interesse particular!" e respondo a ele e a quem interessar possa que É! Eu quero e preciso acreditar na transformação, em tudo que já conseguimos e naquilo que ainda se pode fazer, independente de posto ou cargo mas, do compromisso com a minha ação profissional, com uma filosofia política que também vai pensar e potencializar o indivíduo até ele se tornar parte do público - do grupo maior que faz girar e gerar uma cidade, uma cidade educadora, uma cidade humanizada. Fazendo a diferença com a união de nossas forças. Quem quiser a mesma coisa, é só vir comigo, quem não quiser também continuará a ser meu amigo.
sábado, 2 de junho de 2012
PREVISÕES IMPREVISTAS
A escuridão já não
toma conta do meu quarto, finalmente amanheceu! Posso levantar e sair do sono
instável e cansativo. Noite movimentada na minha cabeça refletida nos meus
pesadelos. Não tenho hora, mas meu corpo pede que saia da cama incomodada pelas
dores. Preciso de um café, despertar e agir. Não sei bem o que vou fazer, hoje
não tenho de trabalhar, o fim de semana chegou e fico perdida. Tanto por fazer,
mas é preciso vencer a vontade de ficar à toa. Acho que estou melancólica, na
expectativa do novo e do renovo. Sempre acreditei que nossa vida é formada por
ciclos, sei que estou fechando um deles, talvez seja essa a minha ansiedade – o
amanhã. Tantos caminhos e algumas trilhas que se encaixam e embaralham os
pensamentos. De certa forma é bom sair do estado de “conforto da mesmice”.
Novas situações se apresentam e a partir delas, a vida vai tomando outros
rumos. Estou meio embolada nas palavras, acho que foi por isso que levantei da
cama, embolada nos lençóis, embolada nos pensamentos. Adormeci e acordei com minha ansiedade prematura.
Uma luminosidade invade a tela do meu computador, dou conta do tempo, visualizando
um sol lindo que não foi anunciado ontem, o tempo deveria estar nublado e
chuvoso. Erraram os homens da meteorologia, as nuvens existem, no entanto o
astro rei se embrenhou entre elas e se fez aparecer, tirando a umidade da roupa
que está no varal. Isso não era previsível. Tenho então a resposta dos céus. Não existem previsões certeiras, não existem
certezas, as coisas vão surgindo e quando necessário nos embrenhamos entre as
nuvens pesadas resistindo. O dia nasce e o amanhecer ilumina os pensamentos, a
escuridão da noite precisa ser de descanso e fortalecimento do corpo e da alma.
Pesadelos servem para mostrar que nossos sonhos não são reais, porém podem se
concretizar através das nossas atitudes. A dor no corpo começa a ceder espaço
para uma necessidade de movimento e busca. A melancolia foi dissolvida no açúcar
do café quente e revigorador. Tenho uma lista de motivos para me embrenhar
entre essas nuvens, sigo então minha aventura do novo e do renovo, quero me
surpreender com as surpresas da vida. Vou
à varanda e apalpo a roupa do varal tentando dar espaço a nova remessa da
máquina de lavar. Ela já não está úmida, assim como meu coração também já se
aqueceu. Agradeço a Deus por me permitir essas reflexões, agradeço aos amigos
por me permitir dividir com vocês esses devaneios. Tenho certeza que meu final
de semana vai ser maravilhoso, já estou cheia de planos, vou viver!!!
domingo, 15 de abril de 2012
Só...
Palavra tão pequena que envolve coisas tão grandes. Não sei direito a sua origem - de vez em quando gosto de estudar as origens, mas dessa vez não vou buscar os diversos significados deste monossílabo. Até porque estamos sempre utilizando ou vivenciando situações na nossa vida que necessitam do seu uso.
Não pretendo seguir uma linha depressiva, pelo contrário, minha intenção é reflexiva. O estar só em determinados momentos é muito mais prazeroso, vale lembrar o velho ditado: "antes só do que mal acompanhado". Quando se está só com seus pensamentos, podemos pensar sobre o ser eu. Redescobrir nossos medos e coragens, redefinir nossos caminhos, redesenhar nossos sonhos.
Vocês podem estar me questionando: mas nós vivemos em grupos?! Claro, nossas rotinas são permeadas por ritos sociais, coletivos. Por isso não podemos esquecer que estamos sempre esbarrando com nossas necessidades de apoio e ajuda, de uma palavra amiga. Nesses momentos podemos ser considerados únicos e especiais, não só mais uma pessoa, fazemos a diferença. Ser uma das pessoas que contribuem para o avançar do outro. Para que iso realmente aconteça, precisamos ser o tipo de gente que só quer ser feliz e ver o outro também feliz. Não exercitar o jogo do olho por olho.
Também tem o só do "só porque..." quando tentamos justificar o injustificável. Expressão que ameniza as nossas culpas. Resposta para apontar nos outros e nas situações as razões daquilo que fizemos e que não é ético. Geralmente são as crianças que mais utilizam. Estão aprendendo e sendo educadas para a vida. O perigo é perceber que alguns adultos, esquecem que cresceram e continuam a utilizar esse recurso. Defendem-se atacando.
Lembrei de mais um só, esse chega ser cruel! "só por isso... Parece com o termo do parágrafo anterior mas, observando bem vamos ver a diferença. O problema existe a partir do momento em que o "isso" é uma coisa de valor e importante, só para uma pessoa. Desdenhamos e desvalorizamos atitudes e emoções. Sei que também fere a ética, penso que fere muito mais, pois fere as pessoas. Pensar que o sentimento do outro não tem sentido, ficar triste ou alegre, com raiva ou tranquilo, magoado ou indiferente...só por isso?
Ainda tem o só do único. Vamos ver só o que nos interessa... Dando a idéia que existe unidade no plural, verdades absolutas. Desconsiderando variedade de pensamentos, direito de diferenciar-se, liberdade de escolhas e linhas de conduta. Como se não pudessemos sonhar, acreditar no nosso sonho e colocá-lo em prática. Ter uma utopia, transformá-la em vida ativa. Ver acontecer o que se pensou, mesmo que não atenda aos anseios de todos. Aliás, sei que é impossível ser unânime. Só podemos ter a certeza de que nossas verdades são importantes, quando elas transformam outras verdades, trazendo mudanças positivas para as pessoas. Descobrimos que só assim a vida passa a ter sentido.
Sou minha primeira leitora e depois de tantas palavras e pensamentos gerados a partir de uma pequena palavra, me sinto aliviada por ter a oportunidade de escrever sobre algumas coisas que me incomodaram essa semana. Agradeço pela parceria na leitura mas, por hoje é só...
sexta-feira, 23 de março de 2012
Espelho
Quando resolvi criar este Blog minha intenção era a de escrever sobre as coisas que acredito e penso para, através das leituras dos amigos, trocar as idéias e reflexões que surgissem a partir dos comentários. Tem sido muito legal, ser lida e ter um retorno registrado ou comentado pessoalmente sobre as questões que abordo. Troca - esta é a palavra! Estou aqui sentada, teclando as letras e transformando-as em frases que vão tornando legível os meus pensamentos. Outros que as recebem, devolvem os seus, imersos nos seus valores. Energia que vai e vem. Reforço vital de neurônios, corações e emoções.
Hoje, descobri uma outra forma de trocar, por uma incrível coincidência, se é que elas existem. Estava conversando com uma grande amiga no trabalho - Mara Marques, que me falou com seu jeito meigo e sincero que eu deveria estar me olhando mais no espelho. Sua intenção era elogiar minha aparência e, disse todas essas coisas que nós mulheres gostamos de ouvir, principalmente quando acreditamos na amiga emissora da mensagem.
Olhando no espelho...ri e ela não entendeu, ri ao descobrir que o título escolhido na noite anterior para a minha próxima postagem, invadiu nossa conversa, sutilmente tomou espaço e foi se apresentando. Foi aí que inverti o processo, parti das nossas reflexões, eu e Mara pensamos juntas esse texto.
Confesso que quando escrevi a palavra ESPELHO pensei exatamente no momento reflexo. Visualizei a imagem apresentada, às vezes irreconhecível a nós mesmas. Nas marcas da idade não observadas pela correria do dia a dia, quando o tempo escasso não nos permite ficar na frente de um. De repente se descobrem linhas fincadas, gritando que o tempo passa. Lembrei que já encontrei cravos escondidos dos olhos que não se fixam, talvez por não querer ver, ou quem sabe por já saber o que vou encontrar, quem está ali no momento do reflexo. Olho de novo, me reconheço de acordo com o olhar que lanço, com a minha expectativa, fico imaginando se é essa a imagem que as pessoas têm da minha figura. Imagem estampada e não sentida, reflexo de contornos e cores mas sem cheiro, quase que sem vida.
Mara me ajuda e lembra que somos reflexos, somos espelhos. Isso mesmo, concordo imediatamente. Lembrando os pequenos imitadores que temos em casa, filhos que sem perceber perpetuam nossos gestos, maneira de falar, trejeitos, mesmo que mantenham sua identidade. Filhos que agem na vida através do reflexo do que somos. Lamentavelmente, alguns são obrigados a negar a imagem, por não considerarem as atitudes dos pais como positivas. Por isso, precisamos cuidar desse ser espelho na nossa família, para podermos refletir belas imagens. Difícil tarefa de não quebrar, não apresentar ranhuras ou rachaduras que possam vir a distorcer a figura, tipo espelho de parque, aquele que engorda ou emagrece. Ficamos tortos, pequenos, não somos nós mesmos.
Seguindo essa linha de protagonistas de vidas, não posso deixar de pensar também no professor espelho, refletindo através do seu trabalho a alegria de se ter conhecimento. Espelhos tão nítidos para os pequenos que ingressam na escola. O mais interessante é perceber que quando esses alunos vão se tornando adolescentes, seus professores espelhos vão desfocando e embassando como aquele do banheiro após um banho quente. Quantos professores, jovens espelhos estão precisando que seja passada a toalha, fazendo retornar a imagem clara do ser adulto. Quantos professores podendo ser referência e apoio. Sem entender que esses jovens alunos, só querem parar em frente e se arrumar, se arrumar para a vida.
Mara e eu tivemos uma conversa curta, daquelas da hora do cafezinho mas, como valeu a pena! Nesse momento senti viva a importância da amiga, confiança em se permitir ser ouvida com todos os seus medos e ansiedades presentes no dia a dia.. Troca - esta foi a ação. Até porque pude ver refletido nos nossos pensamentos as imagens que passamos a enxergar através dos nossos próprios espelhos, só que essas vestidas de emoção, maquiadas com a doação de idéias e penteadas com os valores que se misturaram, e estão aqui, nesse humilde espaço do meu blog.
quarta-feira, 7 de março de 2012
Ser Mulher....Sou Mulher!
Não digo isso, só pela minha condição feminina, mas por tudo que fui aprendendo, assimilando e deixando crescer dentro de mim sobre o SER MULHER.
Histórias loucas de luta e avanços a passos leves, atropelados, disfarçados, tentando não acordar os que dormem pesado.
Penso que o mais importante é poder reconhecer todas as minhas contradições e, apesar delas ser feliz. Vivencio uma história de dúvidas e mesmo assim, invisto nos sonhos que borbulham e de repente explodem como caminhos que não tem mais como deixar de trilhar.
Sei que sou uma pessoa repleta de incertezas, por isso vivencio momentos de alegrias e tristezas. Muitas vezes me dou conta do meu autoritarismo outras da minha submissão, controvérsias da vida em vida. Sinto tudo e nada, sou poderosa e fraca, assumindo todos os personagens cobrados pela rotina do dia a dia. Lavo louça, escrevo texto. Viro criança, me sinto velha. Olho no espelho, não quero me ver. Preciso enxergar as marcas com prazer, transformá-las em lições.
Gosto de abraçar as pessoas, marcar ponto, marcar tempo, marcar passo. Sou capaz de desmoronar com a cena da novela e dizer aos filhos pra serem fortes, pois o amanhã será melhor.
Eternizo meu grande amor, namoro, possuo, peço perdão, perdoo, simplesmente amo.
Percebo as tantas forças que existem dentro da mulher, às vezes penso que as fraquezas mergulham e só saem do fundo para buscar ar, para provar que somos humanas. Humanas como os homens, seres da mesma raça, com a mesma formação e informação no meio do todo. Por vezes tolos. Sentimos as dores como qualquer homem, não as do parto, essas são nossas, só nossas. Mesmo assim, as desejamos, pois nos trazem a imaculada maternidade.
Divididas e multiplicadas, quando somos invejosas, malcriadas, ironicas, debochadas, as famosas mal amadas. Quantas verdades, quantas mentiras. Construção de vida, reconstrução. Amizades queridas, outras feridas, melhores amigas se vão. Outras continuam e vão continuar sempre a existir, através dos telefones, dos emails, dos faces. Queridas, calorosas, amigas saudosas.
Me vejo aqui, com minhas reflexões e intenções de descobrir o ser mulher, poderia utilizar muitas palavras do meu vocabulário, ou mesmo desconhecidas. Mil facetas, confusões, erros, acertos, desistências. Vida em abundância, em relutância por aquilo que não se quer mais. Ser mulher fraca, frágil, cega, aquela que se nega. Nega a vida, a oportunidade por estar ferida. Precisa levantar, acordar, descobrir o novo ar. Descobrir-se enquanto mulher, sem se cobrar. Razão e emoção, emoção e razão, a ordem já não me importa mais, descobri o quanto sou importante -
SOU MULHER - isso já me satisfaz!!!
SOU MULHER - isso já me satisfaz!!!
domingo, 26 de fevereiro de 2012
Arte na avenida, arte na vida...
Dei um tempo no blog! Tempo de carnaval e pós carnaval, semana onde nos organizamos em dois dias e tentamos colocar em ordem toda a bagunça da folia. Na verdade minha folia não foi aquela tradicional, blocos e fantasias ficaram por conta das imagens televisivas mas, foi bom. Delirei com as escolas de samba, façanha maravilhosa de transformar sonhos em fantasias e alegorias. Fico impressionada com o poder criativo das pessoas - desenhar idéias que se transformam em alas e carros gigantescos, coloridos e fantásticos. Histórias e enredos sendo contados e cantados com alegria e emoção. Choro e riso se misturam nos rostos de famosos e anônimos e todos se tornam iguais. Expressões de orgulho ao bater no peito, no ritmo da bateria, olhos brilhantes e vibrantes ao encarar o público que é pescado pela rede do encanto, lançada por diversas mãos. Momentos únicos que fortalecem e restabelecem o oxigênio para o resto do ano. Personagens e personalidades que se tornam popular, ganham o domínio público e suas histórias são lançadas e reescritas pelo povo. Vida e arte na avenida.
Arte na nossa vida. Como precisamos disso! Viver com arte e cor, sonhos e fantasias, histórias e enredos que provocam risos e choros. Bater no nosso peito e vibrar com olhos brilhantes a cada conquista. Conquista de sonhos, conquista de novas realidades. Transformar a matéria prima em produtos nunca antes imaginados. Criar, criar com ação. Criar, criar com emoção.
Fiquei pensando: escola de samba...escola?! Seria essa a escola tão desejada? Poderíamos experimentar todas essas emoções em uma de nossas escolas? Ah, como seria bom utilizar nossa criatividade e levar nossas turmas como se fossem alas, todos envolvidos e engajados, seguindo no ritmo e entendendo que o grupo é que faz o bonito acontecer. Diretores de bateria como professores da autoconfiança, da determinação, da vontade de vencer os limites. A harmonia sendo cuidada por vários líderes, para não deixar a escola perder pontos. A comissão de frente, aquela que tem a responsabilidade de apresentar a escola de forma simpática e impactante, representada por todos os funcionários que trabalham nos portões, pátios, secretarias, corredores, cozinhas e refeitórios, transmitindo segurança, tranquilidade, acolhimento e principalmente credibilidade. Diretores das escolas trabalhando com a mesma empolgação dos puxadores do samba, voz forte, poderosa porém, mesmo se expressando com melodia, refletindo a força para levar a escola para frente. Equipes desenhando idéias através dos projetos pedagógicos, criando novas histórias, transformando iguais em famosos. Encantando as comunidades, batendo no peito o compromisso com as famílias, oxigenando vidas. Reescrevendo enredos, bailando com os mestres das salas que no dia a dia buscam as parcerias perfeitas com as portas bandeiras da coordenação.
Ficou muito louco isso? Acho que não... Pois lembrei do final do desfile, da corrida para passar no portão da dispersão dentro do tempo estipulado. Lembrei da corrida para passar de ano, das recuperações e dos tempos de estudo quase esgotados. Só que lá, na passarela do samba, a festa vibrante, a comemoração só acontece quando todos conseguem ultrapassar o portão.
Continuo no meu delírio, nessa viagem através das minhas fantasias, delírio colorido e fantástico, quem sabe assim, lanço minha rede tentando pescar outros sonhadores, encantar com minhas palavras, e assim meu sonho possa ser transformado na grande arte da vida e não só da avenida.
sábado, 11 de fevereiro de 2012
Oportunidades...
Ufa!
Esta semana foi agitada. Pensei que não conseguisse dar conta, graças a Deus
tudo terminou bem. Deu certo, em algumas situações melhor até do que era
previsto. Mas, é assim mesmo, somos metidas a super heróis. Vivemos correndo na frente do carro tempo, tentando
fazer com que ele não pegue a gente. Pensamos em como vamos dar conta de tudo
que organizamos na agenda da vida, isso porque, na maioria das vezes somos até abusadas,
fazemos uma lista já sabendo que não vamos conseguir e aí... nos cobramos. No
final nos viramos em mil e conseguimos, aos trancos e barrancos. Sobrevivemos a
uma avalanche de responsabilidades e precisamos do apoio dos companheiros dessa
viagem chamada vida.
O melhor saldo foi o de viver momentos únicos,
experiências que fortaleceram a minha história. Enfrentei desafios, situações
novas que me ajudaram a renovar o espírito, fortalecer a alma. Hoje posso até
fazer um apanhado mental e declarar que recebi presentes em forma de oportunidades.
Fui olhar no Mestre Google - adoro descobrir a origem das palavras, e encontrei
uma definição assim: “oportunidade” que
vem do Latim OPPORTUNUS, “favorável, adequado, desejável”, originalmente OB
PORTUS, “para o porto”, o que muitas vezes era mais que necessário em tempos de
navegação precária. Caramba, pensei, navegação precária... como isso dizia
respeito a mim, a todos os acontecimentos quentes da semana. Tentar chegar a um
porto, mesmo com a navegação precária...Claro, esse porto só poderia ser o momento de estanque, de calmaria. No entanto, chegar lá
mesmo com a navegação precária, era desejável e adequado e favorecido pelas
circunstâncias. Isso era oportunidade. Foi isso sim que vivi esta semana –
OPORTUNIDADES.
Chances de reforçar meus valores e resignificar minha vida.
Fazer acontecer e não só discursar que é possível amar como se não houvesse
amanhã, lindo isso na voz do nosso querido Russo mas, na prática todos nós
sabemos como é difícil o exercício da doação. Chance de exercitar vida e amor, com
todos os riscos e possibilidades do acerto erro. Crença no poder da solidariedade, da tolerância
e da proposta de se colocar no lugar do outro.
Por tudo isso não dá para passar uma semana agitada assim, sem viver com nossos medos, mesmo que esses medos sejam organizados em forma de
couraça que, nos defende daquilo que não damos conta, não sabemos administrar,
não permitimos que exponha nossas fraquezas ao mundo. Medos que fortalecem! Possibilitando o enfrentamento e o seguir adiante. Ao contrário do que muitos pensam, mesmo que esses medos existam, eles podem nos impulsionar para frente, seguir adiante, quando a curiorisade do que virá depois se torna mais forte do que o freio.
Foi uma semana incrível, daquelas que parecem que envelhecemos alguns anos. Só posso agradecer a Deus a sorte de
compartilhar as histórias das pessoas que encontrei e, em alguns momentos permitir com que me sentisse como mais uma pessoa a contribuir para a revisão dos capítulos que foram apresentados.
Fortalecendo as esperanças do dar certo, as esperanças do viver mais feliz, as
esperanças no próprio viver.
A oportunidade de exercitar a minha fé na vida, minha fé nas pessoas que passaram a fazer parte da minha vida.
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Começar de novo...
Gosto muito de música, acho que já deu para perceber! As mensagens chegam de acordo com a nossa sede, nossa fome, saciando nossos desejos internos. Ivan Lins é um dos meus compositores favoritos e brilhantemente compôs "Começar de Novo". A música fala da separação de um casal, da força da mulher tentando sobreviver a inexistência do companheiro. É linda e, com certeza fortaleceu muitas mulheres fragilizadas por esse momento tão doloroso das suas vidas. Graças a Deus não é o meu caso contudo, uso sempre uma mensagem desse hino para me energizar em qualquer situação - começar de novo e contar comigo!!! Pode parecer um olhar solitário, mas não é. É um olhar de responsabilização sobre nossas escolhas. Sei que vivemos em diversos grupos e estamos contando com várias pessoas a todo momento, porém quando optamos por um novo caminho nas nossas vidas, não podemos depositar nessas pessoas a expectativa do dar certo. Nós mesmos precisamos acreditar, investir, mergulhar de cabeça com todos os juízos de valores, ordenados ou não. Começar é muito difícil, mesmo para aqueles que já percorreram alguns caminhos. A insegurança e o medo do fracasso sempre passeiam pelos nossos pensamentos. Nova garantia precisa ser renovada, estendida como num eletrodoméstico qualquer. Só que não temos fios e chips, somos mente e coração. Experiências novas servem para cutucar nosso ego, balançar com nossas convicções e obrigar a tomada de novas estratégias. Começar num novo emprego, iniciar um curso, assumir novo cargo, trocar de escola, e tantas outras situações que se encaixam no "de novo". Isso porque na verdade não chegamos a esses lugares zerados, estamos cheios de saberes e certezas que viram dente de leite. Sabe aquela coisa do dente mole que precisa ser arrancado, abrindo espaço para o novo? É mais ou menos isso. Independente de idade, cor, sexo, religião ou qualquer outra forma de caracterização do ser humano - somos humanos. Quando chegamos a um novo lugar na vida precisamos contar com todos os eus que estão adormecidos dentro de nós, instalados no sofá da tranquila estabilidade e dizer com toda firmeza - vamos lá aprender a aprender, utilizando a sábia humildade e tolerância. Vamos lá abrir novos horizontes, possibilitar que a roda da vida continue a girar, permitir que as pessoas saibam quem você é. Vamos lá enfrentar o obscuro tornando-o luminoso e colorido, como um belo adorno para os nossos futuros dias. Tendo a certerza que apesar dos temores, dos frios na barriga, o novo sempre é esperança. O novo é o renovo. O novo é o broto. O novo é a vida renascendo dentro de nós.
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
Sua bênção pai...
Toda vez que telefono para o meu pai inicio nossa conversa com uma solicitação: "sua bênção pai" e ele responde rapidamente "Deus te abençoe", é automático mas não é frio. Como se fosse um pedido de proteção que me permita seguir adiante na nossa conversa, seguir adiante na vida. Engraçado que, através de sua resposta, ele repassa essa responsabilidade para o Pai Maior, intermediando de certa forma uma oração. De repente pensei nisso, na proteção que ainda solicito apesar das nossas idades e dos nossos dias meio distantes. Acho que foi porque eu participei essa semana, de um encontro com o Ministério Público - lançamento do Projeto Em Nome do Pai. No evento, as falas focaram a importância do nome do pai na certidão de nascimento. O pai no papel. Não é o meu caso, meu pai tem um lugar muito especial na minha história.
Lembro, que quando era
criança, numa noite em que faltou energia, estava sentada na varanda da minha
casa, olhando o céu muito mais estrelado pela escuridão, foi aí que meu pai ensinou-me uma canção que contava a
tristeza de um pequenino grão de areia que se apaixonou por uma estrela no céu,
amor impossível. A minha imaginação de
criança viajava na poesia da música, e quando papai cantou que anos depois
apareceu a estrela do mar, senti que o impossível não devia existir e que a força
do amor e o querer poderiam levar ao poder.
Para
mim estas lembranças que escreveram a minha história são muito
importantes. Eram lições de vida que
recebia para refletir e a poesia era uma das melhores formas de aprender, papai
trabalhava com uma coisa que é uma mola mestra para educação – sensibilidade. Aliás somos dois chorões! Cada encontro nosso é selado por um profundo abraço e pelos olhos marejados, é uma saudade do estar perto, nosso tempo não foi muito privilegiado. Situações que a própria vida nos ensinou a superar juntos e que nos fez crescer e valorizar ainda mais esse amor. O que mais me emociona nele é perceber o orgulho que tem de ser meu pai. Me faz sentir uma pessoa importante, grande, querida. Mal sabe ele que eu é que tenho muito, mas muito mesmo, orgulho de ser sua filha. Filha de um homem trabalhador, honesto, amoroso e que superou muitas dificuldades na sua vida. Me ensinou a lutar e não ter vergonha de vibrar com as minhas conquistas, que se tornam nossas através da sua bênção de pai...
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
Menos a Luiza que está no Canadá...
Fui praticamente intimada a escrever sobre a febre Luiza no Canadá. Minhas amigas sopraram pela rede: - olha que Luiza vai virar texto no blog dela... Como decepcioná-las?! Pois é, a Luiza já voltou do Canadá, já fez propaganda, já tem música e já está faturando, tudo isso num espaço de mais ou menos uma semana. Isso é o que a Internet faz com a gente, a rede trabalha num determinado fato ou episódio que em algumas horas já se tornam de "domínio público". Assusta e excita. Dependendo do direcionamento essa rede pode levantar ou implodir com uma pessoa. Por isso não podemos perder a noção das coisas, ter entendimento que a pulverização dos fatos acontece. Ficamos meio que instantâneos, tipo miojo sabe, prontos em 03 minutos para ser ingeridos. Nossos conceitos não podem ser construidos e destruidos em tão pouco espaço de tempo. Nossos valores precisam ser alicerçados em verdades ou mentiras, mas repensados e avaliados a todo momento.
Quando fiz a chamada para arrumarmos coisas maravilhosas para fazer na hora do BBB, estourou a situação de expulsão de um componente do jogo. Mesmo sem assistir ao programa, a rede mais uma vez me bombardeou de notícias e furos de reportagens sobre o episódio. Ouvi muito abobrinha tipo - ela gemeu, então estava gostando..., consentiu sim, não falou que não..., e outras coisas horrorosas no mesmo nível. Em dois dias tudo foi resolvido, o fato ocorreu, foi julgado e deletado nas páginas, independente do processo que possa estar rolando. Me dei conta que nós nem aproveitamos o boom para trazer a discussão da agressão a mulher, da situação de vulnerabilidade que ainda se vive, dos consentimentos que não são dados, das violentadas, mesmo que através de palavras. Quanto tempo se passou e me sinto como no tempo das cavernas, com os homens puxando suas mulheres pelos cabelos. Exagero! vocês podem dizer, mas muitas mulheres ainda vivem sem nem mesmo conhecer o que é dignidade e respeito. Submissão, medo, culpa, desejo, sentimentos que se misturam e fragilizam muitas delas. Como fortalecê-las? Falando, discutindo, escrevendo, cutucando, mandando mensagens por essa rede que é maravilhosa e tem muito de positivo a oferecer. Não deixando que o momento seja o presente, sem futuro e só com passado. A forma de contar o tempo não foi alterada, o que fazemos com ele sim. Vamos então nos dar ao direito de pensar - afinal, a Luiza já voltou do Canadá. A piada não tem mais graça. A violência contra a mulher também não!!!
Quando fiz a chamada para arrumarmos coisas maravilhosas para fazer na hora do BBB, estourou a situação de expulsão de um componente do jogo. Mesmo sem assistir ao programa, a rede mais uma vez me bombardeou de notícias e furos de reportagens sobre o episódio. Ouvi muito abobrinha tipo - ela gemeu, então estava gostando..., consentiu sim, não falou que não..., e outras coisas horrorosas no mesmo nível. Em dois dias tudo foi resolvido, o fato ocorreu, foi julgado e deletado nas páginas, independente do processo que possa estar rolando. Me dei conta que nós nem aproveitamos o boom para trazer a discussão da agressão a mulher, da situação de vulnerabilidade que ainda se vive, dos consentimentos que não são dados, das violentadas, mesmo que através de palavras. Quanto tempo se passou e me sinto como no tempo das cavernas, com os homens puxando suas mulheres pelos cabelos. Exagero! vocês podem dizer, mas muitas mulheres ainda vivem sem nem mesmo conhecer o que é dignidade e respeito. Submissão, medo, culpa, desejo, sentimentos que se misturam e fragilizam muitas delas. Como fortalecê-las? Falando, discutindo, escrevendo, cutucando, mandando mensagens por essa rede que é maravilhosa e tem muito de positivo a oferecer. Não deixando que o momento seja o presente, sem futuro e só com passado. A forma de contar o tempo não foi alterada, o que fazemos com ele sim. Vamos então nos dar ao direito de pensar - afinal, a Luiza já voltou do Canadá. A piada não tem mais graça. A violência contra a mulher também não!!!
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
Raspa do Tacho
Em 2001 quis dar um presente de aniversário diferente para minha mãe, publiquei um texto para ela. Hoje eu precisei "retocar", colocar alguns verbos no tempo passado. Ela não está mais aqui, já partiu e deixou muita saudade. Lá se foram cinco anos mas, nem parece, sua presença é forte. Acho que é isso que se chama viver de verdade, é morrer sem deixar de existir. Ela continua viva nos nossos corações, nas lições que deixou de vida e principalmente na nossa formação humana e espiritual, foi tanto amor que conseguiu deixar uma boa reserva para nos abastecer depois da partida. Divido com vocês a Raspa do Tacho:
Muitas vezes o prazer de assistir a mãe fazendo um doce se concretizava no final da tarefa quando se pedia para raspar a vasilha. O tacho do doce onde fica aquele resíduo da guloseima, que parecia ser o mais saboroso pois estava ali, pronto para ser saboreado, quente e disforme mas ali, sem ter de esperar a hora da sobremesa ou do lanche marcado para o consumo da iguaria. Quando se é criança, tem dessas coisas. A alegria existe em pequenas ações. Lembro-me quando mamãe contava suas artes infantis, a bacia que se transformava em barco e navegava num grande rio que, de grande não tinha nada, as articulações feitas com seu primo para implicar com a sua sobrinha da mesma idade. Isso porque mamãe foi a última filha, a “temporão”, vovó ficou grávida junto com minha tia mais velha, então chegou aquela menina pequenina, mas muito esperta - era a “raspa do tacho” como vovó costumava chamar.
Muitas vezes o prazer de assistir a mãe fazendo um doce se concretizava no final da tarefa quando se pedia para raspar a vasilha. O tacho do doce onde fica aquele resíduo da guloseima, que parecia ser o mais saboroso pois estava ali, pronto para ser saboreado, quente e disforme mas ali, sem ter de esperar a hora da sobremesa ou do lanche marcado para o consumo da iguaria. Quando se é criança, tem dessas coisas. A alegria existe em pequenas ações. Lembro-me quando mamãe contava suas artes infantis, a bacia que se transformava em barco e navegava num grande rio que, de grande não tinha nada, as articulações feitas com seu primo para implicar com a sua sobrinha da mesma idade. Isso porque mamãe foi a última filha, a “temporão”, vovó ficou grávida junto com minha tia mais velha, então chegou aquela menina pequenina, mas muito esperta - era a “raspa do tacho” como vovó costumava chamar.
A alegria e
bom humor permaneceram, aquela menina transformou-se em uma mulher, constitui
sua própria família e logo na sua primeira experiência maternal teve de segurar
a barra de um casal de gêmeos, tirou de letra, desesperava-se às vezes com a
fome cronológica e resolvia amamentar como a natureza mandava – eu tenho dois
seios e dois filhos, cada um mama em um ! – dizia ela com seu hábito de
resolver as coisas de modo pitoresco e prático.
Crescemos
esbarrando em dificuldades e preconceitos que ela enquanto mulher sofreu, mas
nada que o tempo não deixasse para trás.
De vez em
quando nossa relação de mãe e filha criava umas turbulências. A figura feminina materna é um grande desafio
para a menina, por vezes ela dizia que
nossos papéis estavam invertidos pois parecia ser eu a mãe e ela a filha, mas
essa observação vinha com muito respeito e carinho. Mal sabe ela em quantas ocasiões as suas
palavras me socorreram e me tiraram de angústias, um apoio diferente. Trazendo o lado leve da vida, a parte que
ninguém liga, presta atenção, a piada contada de maneira dedicada, a graça e
ironia tirada de uma situação complicada, o transparecer fraqueza quando no
fundo se é forte e vencedora. Abrir mão sem ter que se arrepender, fazer e
conservar amigos, transformar as “bobagens” em lições de sobrevivência. Assim foi e, ainda estou crescendo, tentando
trazer para a minha vida estas lições e repassa-las em busca das transformações
tão idealizadas em nossos sonhos de criança, tive a sorte e
o privilégio de saborear a “raspa do tacho”.
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
Ai se eu te pego!!!
Assisti ontem uma matéria, num programa jornalístico da TV, sobre o fenômeno "Ai se eu te pego" do Michel Teló, na Europa. Espero que minhas palavras não espalhem uma conotação preconceituosa, pois a música é alegre e daquelas que ficam rodeando nosso cérebro e saindo dos nossos lábios de forma automática. O que me incomoda e impressiona é a constatação da força de uma mensagem brasileira tão vazia. Possuimos uma cultura maravilhosa, nossa MPB é rica e mesmo sendo eclética não é comum uma super valorização como a apresentada pela matéria jornalística. Fiquei com vergonha, não do cantor, ele está correndo atrás daquilo que acredita. Apostou numa linha e segue defendendo sua musicalidade, aliás eu não sou uma crítica musical. No momento meu foco está direcionado para a falta de foco. Falta de mensagens, se não for exigir muito, quem sabe até poesias. Cazuza com toda a sua doideira e irreverência gritava que os heróis morreram de overdose. Gonzaguinha criou uma oração quando colocou o dedo na ferida e afirmou que um homem sem trabalho não tem honra, morre e mata. Zé Geraldo apresentou o rosto maltratado do peão de obra, quando escreveu Cidadão...tá vendo aquela escola moço? Então o mundo globalizado canta e faz toda a coreografia do Michel. Bom pra ele, claro. Triste pra nós, educadores que vamos ter que provar para nossos alunos que sucesso na vida é muito mais do que delícia...assim vocês me matam!!!
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