sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Menos a Luiza que está no Canadá...

Fui praticamente intimada a escrever sobre a febre Luiza no Canadá. Minhas amigas sopraram pela rede: - olha que Luiza vai virar texto no blog dela... Como decepcioná-las?! Pois é,  a Luiza já voltou do Canadá, já fez propaganda, já tem música e já está faturando, tudo isso num espaço de mais ou menos uma semana. Isso é o que a Internet faz com a gente, a rede trabalha num determinado fato ou episódio que em algumas  horas já se tornam de "domínio público". Assusta e excita. Dependendo do direcionamento essa rede pode levantar ou implodir com uma pessoa. Por isso não podemos perder a noção das coisas, ter entendimento que a pulverização dos fatos acontece. Ficamos meio que instantâneos, tipo miojo sabe, prontos em 03 minutos para ser ingeridos. Nossos conceitos não podem ser construidos e destruidos em tão pouco espaço de tempo. Nossos valores precisam ser alicerçados em verdades ou mentiras, mas repensados e avaliados a todo momento.
Quando fiz a chamada para arrumarmos coisas maravilhosas para fazer na hora do BBB, estourou a situação de expulsão de um componente do jogo. Mesmo sem assistir ao programa, a rede mais uma vez me bombardeou de notícias e furos de reportagens sobre o episódio. Ouvi muito abobrinha tipo - ela gemeu, então estava gostando..., consentiu sim, não falou que não..., e outras coisas horrorosas no mesmo nível. Em dois dias tudo foi resolvido, o fato ocorreu, foi julgado e deletado nas páginas, independente do processo que possa estar rolando. Me dei conta que nós nem aproveitamos o boom para trazer a discussão da agressão a mulher, da situação de vulnerabilidade que ainda se vive, dos consentimentos que não são dados, das violentadas, mesmo que através de palavras. Quanto tempo se passou e me sinto como no tempo das cavernas, com os homens puxando suas mulheres pelos cabelos. Exagero! vocês podem dizer, mas muitas mulheres ainda vivem sem nem mesmo conhecer o que é  dignidade e respeito. Submissão, medo, culpa, desejo, sentimentos que se misturam e fragilizam muitas delas. Como fortalecê-las? Falando, discutindo, escrevendo, cutucando, mandando mensagens por essa rede que é maravilhosa e tem muito de positivo a oferecer. Não deixando que o momento seja o presente, sem futuro e só com passado. A forma de contar o tempo não foi alterada, o que fazemos com ele sim. Vamos então nos dar ao direito de pensar - afinal, a Luiza já voltou do Canadá. A piada não tem mais graça. A violência contra a mulher também não!!!

16 comentários:

  1. Mais um texto para refletir... Obrigada por compartilhar suas idéias, suas opiniões. Elas fazem pensar sobre.

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  2. Olá minha amiga, obrigada a você por estar sempre dando retorno a essas idéias...

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  3. Mariza, vc conseguiu me esclarecer essa tal de Luiza no Canadá... Realmente estava por fora do assunto... Ouvi falar sobre o que aconteceu no BBB, mas não fazia ideia que a coisa havia tomado essa proporção.
    No entanto, fico pensando o quanto é lamentável ver que a mulher hoje ainda sofre questões de violência. Seja ela física ou simbólica...
    Concordo com você qdo diz que ne deu tempo de discutirmos o assunto.
    Mais uma vez, perde-se uma grande oportunidade de trazer à tona questões tão importantes como essa! Lamentável!
    Mas quem sabe ainda dê tempo...
    Grande bj!
    Cris Dantas

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  4. Pois é Cris, esses espaços precisam ser aproveitados para esse tipo de discussão. O que permitimos que aconteça enquanto estamos em rede. Podemos transformar, já estamos discutindo. Obrigada pela sua participação. Vamos levar adiante. Bjs

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  5. Então minha mestra, o tempo da internet é muito rápido. A Luíza já chegou, gravou comercia para um empreendimento aqui em João Pessoa e ponto. A GLOBO é que continua fazendo as suas barbaridades, acho que
    essa coisa é uma droga peor que o crack. Ter conta nas redes sociais, entrar na blogosfera fazendo uma política esclarecedora analisando a manipulação da globo vai ajudar a democratizar as informações.

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  6. Pois é, amiga, eis aí a "Evolução do Nada"... Escrevi na minha página sobre isto, também. E nem havia sido apresentada à Luiza. Triste é pensar que, de uma forma ou outra, os sujeitos (e aí, perdoe-me, incluo a moça e o rapaz)viraram capa de revista, viraram manchetes na tela do nosso computador... A gente não "passa adiante" sem ter que saber deles. E muitos dos nossos meninos infelizmente acham que virar estrela em capa de revista pode ser pelo lado mau, também. Sempre lembro daquele rapazinho de Realengo... Conseguiu estampar as primeiras páginas durante muito tempo, e nem precisou tirar as roupas! O rapazinho de Realengo dá um texto...Êpa, esse, deixa pra mim! Rs. Parabéns! Bjs.

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  7. Obrigada pelo retorno, seu retorno é para a REDE!!! estamos trabalhando na evolução do quase tudo...Quanto ao rapazinho de Realengo, pode deixar, é todo seu!!!

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  8. Concordo em número, gênero e grau com suas sábias colocações sobre ao tratamento dado a Luiza pela midia na internet e em outros meios também.
    Só lamento muito que o mesmo não ocorra com o Projeto de isenção do imposto de renda para os professores, pois se isso acontecer, com certeza iríamos fazer algo realmente de utilidade pública, em reconhecimento a nossa classe tão combalida, sofrida e injustiçada.
    Segue o link para apreciação e compartilhamento de TODOS que sonham com condições dignas e justas para o magistério.
    Bjs
    Evandro

    http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/EDUCACAO-E-CULTURA/207791-PROJETO-PREVE-ISENCAO-DE-IR-SOBRE-REMUNERACAO-DE-PROFESSORES.html

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  9. Valeu Evandro! Estaremos juntos nessa luta. Pensei que fosse comentar sobre a questão da violência, afinal você poderia deixar seu ponto de vista, seria muito enriquecedor.

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  10. Você esta certa Mariza. Devemos aproveitar a força da rede para analisarmos e combatermos todo tipo de violência, principalmente contra a mulher. Não podemos admitir que em pleno século 21, achemos comum situações como as citadas na música Mulheres de Atenas do Chico, pois assim continuaremos vivendo alienados, acomodados e cúmplices com as injustiças sociais. A banalização feminina tão comum em diversas músicas prestigiadas pela mídia, em certas telenovelas, que enaltecem adolescentes como musas de Funk, que desdenham dos seus estudos, etc, etc...deve ser combatida e não exaltada, se assim quisermos construir uma sociedade mais justa e digna para todos.
    Bjs
    Evandro

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    1. Nossa, eu tinha certeza que você seria uma bela representação masculina na discussão desse tema. Por isso mesmo te convoquei, rs rs rs. Estou muito feliz com a sua contribuição. Concordo com você as musas das telenovelas só nos deixam mais desesperados sobre o que e como fazer com nossas adolescentes que acreditam que é chão, chão , chão .... que vira ganha pão!!!

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  11. Parabéns Mariza, seu texto exprime com clareza o que penso. São culturas inúteis, onde os valores, princípios morais, estrutura de família, não são mais respeitados. O SER foi trocado pelo TER, o que a Mídia quer é vender seus produtos, divulgar o que trará retorno financeiro...Enquanto isto as nossas crianças,jovens e adolescentes passam por esta lavagem cerebral, pois para eles a vida é isto, se dar bem, não importa como e em quais circunstâncias...Uma agressão aos nossos olhos e ouvidos, felizmente ainda há esperança através da EDUCAÇÃO...

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  12. Claro que existe esperança, se não tivéssemos essa certeza,não estaríamos aqui trocando mensagens! Obrigada pela sua valiosoa contribuição, espero contar sempre com você. Bjs

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  13. Marisa,

    Meu pai viveu uma infância humilde e muito cedo precisou trabalhar para ajudar no sustento da casa. Órfão desde os cinco anos de idade, estudou muito pouco. Foi alfabetizado e concluiu a 5ª série depois de adulto. Hoje, já aposentado e com mais de 70 anos não consegue ficar parado. Acho que herdei isso dele. Há todo momento está fazendo arte, construindo alguma coisa... Acredita que já construiu um barco? Ninguém acredita quando falo, pois nunca fez curso de construção naval ou coisa parecida. Entende tudo de construção civil , vive às voltas com as reformas da casa...
    Carnavalesco, fundou o Bloco “Deixa Arder”, compõe enredos, confecciona alegorias... e explode de alegria nas ruas do bairro São Cristóvão na 2ª feira de carnaval. Atualmente, não estou muito carnavalesca, mas não consigo deixar de ficar emocionada quando vejo toda aquela multidão cantando e acompanhando o Bloco pela ruas do bairro.
    Recentemente, ajudou-me na reforma da Evidência, imóvel cedido por ele e pela mamãe para instalação da nova sede da clínica. Juntos, construímos uma sala de Estudos em Educação e Saúde que leva o seu nome: Nicélio Paschoal Mendonça. Este é o seu nome, mas popularmente é conhecido como “Bida”, figura célebre da nossa cidade, Homem cuja sabedoria está além dos bancos da Escola e da Faculdade; ensinou-me lições importantes sobre respeito, dignidade e honestidade. Ensinou-me que a única e verdadeira herança que podia nos deixar seria o estudo, a instrução... Por isso, tudo o que sou, o que sonho e o que construo devo a ele, meu amado pai.

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    1. Jocélia, confesso que, quando iniciei com os textos neste blog, minha única intenção era trocar idéias ligadas a situações que envolvessem a educação. No entanto a cada comentário começo a ver um novo sentido para este espaço - trocar vidas, histórias de vidas que estão sendo narradas com tanto desprendimento que me comove. Estou muito feliz por ter essa sua história contada aqui. História linda, que aproxima as pessoas pois trazem um lado, nem sempre visível pela correria do dia a dia. Obrigada pela oportunidade de conhecê-la um pouco mais, minha admiração por você aumenta, não se esqueça de dar um beijo no seu "Bida", tive muito prazer em conhecê-lo.

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